SINOPSE
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foto por Priscila Ferreira |
JUSTIFICATIVA
“Trato de temas sérios, e as crianças entendem sem preconceitos. Os adultos chegam com armaduras, na defensiva, diferente das crianças que estão sempre prontas para aprender” Michel Ocelot, animador francês.
UMA JORNADA DE JOÃO E MARIA:
TEATRO ESPERTO PARA CRIANÇAS
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foto por Fabio Ando Filho |
A montagem Uma jornada de João e Maria da Cia de Teatro Dois na Mala se propõe a apresentar uma discussão dos temas presentes no conto clássico, que são vistos muitas vezes como temas demasiado “sérios” para se tratar com crianças, acreditando que tanto as crianças como os adultos possam ter vários níveis de troca de experiência com o espetáculo. O grupo formado para a montagem é composto por artistas de teatro que também atuam na área da educação, compartilhando o pensamento de que as crianças tem saberes, valores e referências para a interlocução com os ditos “temas sérios” e que esses temas fazem parte da vida e são pertinentes não só aos adultos. É importante ressaltar que assim como o grupo leva à cena temas sério também leva muito a sério o fazer teatro para crianças, buscando mesmo um teatro de faixa etária livre, feito com rigor estético, com unidade de linguagens, com coerência entre forma e conteúdo.
TEATRO DE FAIXA ETÁRIA LIVRE
Acreditamos em um teatro de faixa etária livre, que elimine a noção de teatro infantil superficial e puro entretenimento banal. Trabalhamos para um teatro feito com toda pesquisa e empenho técnico necessários para garantir uma troca significativa através da arte e que possa ser apreciado em um verdadeiro encontro de gerações. Essa ideia encontra base na pesquisa fundamental do grupo que é a tradição oral, o ato de contar histórias em comunidade.
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foto por Fabio Ando Filho |
Essa prática facilitava a solidariedade intergeracional, porque o conto pode circular entre gerações diferentes, sem encontrar obstáculos. Por meio dele, os problemas da vida podem ser tratados pelos diferentes pontos de vista.
Nas sociedades tradicionais, a construção do amanhã implicava necessariamente todas as gerações. O convívio das crianças com os adultos e com os velhos não só era fonte de prazer para as crianças, como necessário para sua inserção harmoniosa na sociedade. (MATOS, Gislayne Avelar. A palavra do contador de histórias: Sua dimensão educativa na comtemporaneidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005).
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foto por Fabio Ando Filho |
TEATRO BRECHTIANO PARA CRIANÇAS
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foto por Priscila Ferreira |
Nos contos, a dupla função de educar e divertir é indissociável. Se fizermos do conto africano uma simples diversão, ele não é conto; se fizermos dele um curso de moral ou de filosofia, nós o desfiguramos da mesma forma. O conto é ao mesmo tempo fútil, útil e instrutivo. (N’DAK, Pierre. Citado por Gislayne Avelar Matos in: A palavra do contador de histórias)
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foto por Fabio Ando Filho |
A ENCENAÇÃO
A montagem foi guiada pelos pressupostos do teatro épico, tirando o foco da simples dramatização da trajetória de dois heróis e ressaltando o conjunto de contradições sociais que os colocam na situação de conflito. Essa abordagem épica nos levou a situar a fábula no sertão nordestino, trazendo a tona um contexto brasileiro de miséria que pode ser análogo ao contexto medieval europeu, no qual se originou o conto. A encenação se utiliza de poucos elementos de cenografia, enfatizando a característica de oralidade presente nos contos e a interpretação dos atores. A visualidade é trabalhada nos jogos dos atores com adereços de cena e figurinos que não apenas ilustram, mas também ajudam a contar a história. Os objetos de cena são utilizados ora de maneira literal, ambientando a cena, ora de maneira simbólica, sendo eles resignificados a cada cena. Durante a pesquisa criou-se uma linguagem cenográfica utilizando-se de caixotes de feira que ganham diversas significações ao longo da peça, criando espaços como a casa dos pais na vila sertaneja, a cidade e a loja de doces (casa da bruxa no conto clássico). Além disso, o grupo construiu uma mala para cada ator usar em cena feita com madeira de caixotes e preservando estrutura e forma do mesmo. Essa escolha de composição cenográfica traz ao espetáculo tanto o aspecto de pobreza, aludindo ao tema central, como reporta à forma popular e mambembe de arte e ainda confere caráter épico à encenação, na medida em que objetos são resignificados durante a ação para contar a história, o que ressalta a teatralidade do espetáculo.
MÚSICAS E CANÇÕES
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foto por Fabio Ando Filho |
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foto por Fabio Ando Filho |
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foto por Fabio Ando Filho |
As Canções Originais são resultado de uma pesquisa que envolve pelo menos dois pilares, os ritmos e motivos populares nordestinos, como baião, côco, jongo, forró e frevo; e as canções compostas para público infantil de Chico Buarque e Edu Lobo, sobretudo no álbum O Grande Circo Místico. Essas obras apresentam características que vem ao encontro da pesquisa do grupo na medida em que respeitam a criança como apreciadora de arte e ainda se fazem obras abrangentes à todas as faixas etárias. As canções de uma Jornada de João e Maria são pensadas seguindo um grande rigor estético no que toca à unidade de linguagem, na escolha dos temas e dos ritmos empregados, e também no que toca à criação de cada canção, pesquisando avidamente para a composição de canções ricas em todos os aspectos, melodia, harmonia e letras, prezando pelos conteúdos comunicados, mas sem perder a elaboração poética em termos de prosódia e oralidade. Acreditamos que as canções tem dois tipos de efeito sobre o público, o imediato, durante a ação cênica e daí a preocupação com a comunicabilidade das letras e o efeito a médio e longo prazo, que se faz possível quando a criança tem a oportunidade de levar para casa as canções na forma impressa das letras no programa da peça, podendo ler e reler seus conteúdos e teor poético. Assim, se queremos fazer um Teatro Esperto para Crianças, nossas músicas e canções devem seguir a mesma trilha, traçando uma consistente pesquisa para sua execução.
A CRIAÇÃO DO TEXTO
O ponto de partida é o conto João e Maria (Hensel und Gretel) dos Irmãos Grimm. Jacob (1785-1863) e Wilhelm (1786- 1859) Grimm foram dois bibliotecários que em meados do século XIX compilaram e recriaram contos populares alemães de tradição oral. Os contos fazem parte até hoje do imaginário infantil e continuam a ganhar novos detalhes e versões conforme são contados de uma pessoa para outra ou reescritos. Para esse projeto foi usada uma tradução do inglês realizada pela Cia. Com base nessa tradução foi criado um canovaccio, um roteiro de ações das personagens que orienta uma improvisação. As improvisações a cada ensaio foram sendo registradas, criando uma coleção de textos que eram feitos, refeitos e alterados. Por fim se chegou a uma última versão, mas que continuará sendo modificada conforme a necessidade que a atualidade apresentar.
FICHA TÉCNICA
ATORES CRIADORES
Danilo Minharro, Francisco Wagner, Heidi Monezzi e Priscila Schimit.
MÚSICO -ATOR
Ravi Landim.
Bruno Cordeiro e João Alves.
MÚSICAS ORIGINAIS
Bruno Cordeiro, Danilo Minharro, Heidi Monezzi e Ravi Landim.
ILUMINAÇÃO
João Alves.
FIGURINOS
Heidi Monezzi.
ARTE GRÁFICA
Gabriel Marcondes.
PESQUISA E CONCEPÇÃO DRAMATURGICA
Cia de Teatro Dois na Mala.
PRODUÇÃO
(11) 2273-2053/ (11) 99367-6373/ (11) 98703-0199
doisnamala@gmail.com